segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Realmente se tem liberdade religiosa no Brasil?

Eu gostaria de iniciar com um texto bíblico de um tempo onde a igreja de Cristo passou à ser perseguida no império romano. O primeiro versículo do capítulo 8 do livro de Atos dos Apóstolos diz o seguinte:

“E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria.”

Antes de iniciar no tema em questão, se faz necessário contextualizar este versículo anteriormente citado. O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas, o mesmo autor do evangelho que leva seu nome. Diferente de Mateus e João, que foram testemunhas oculares dos feitos de Cristo, Lucas fez um excelente trabalho de historiador e pesquisou sobre a vida do Messias na terra para manter seu trabalho fiel aos acontecimentos e rico em detalhes.

O livro de Atos dos Apóstolos é uma continuação do primeiro livro de Lucas: o evangelho por ele escrito. Lucas inicia seu segundo livro canônico com relatos dos fatos posteriores aos acontecimentos finais do seu evangelho. No evangelho Segundo Lucas, o autor narra os acontecimentos da vida do Messias, do Seu nascimento à Sua ascensão, e o livro de Atos dos Apóstolos inicia logo após a ascensão de Cristo nos ares e a continuação do crescimento do Reino de Cristo na terra orquestrado pelos Apóstolos.

O versículo 8 do primeiro capítulo do livro de Atos nos traz um resumo de todo o livro. O texto diz o seguinte:

“mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo , e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judeia e Samaria e até aos confins da terra”

Cristo assim falou à Seus discípulos e logo em seguida ascendeu ao Céus. Com isso, Jesus predisse à Seus apóstolos como se daria o crescimento do Seu Reino na terra. E de fato foi assim, nos capítulos 1 e 2 do livro de Atos, Lucas narra o testemunho dos apóstolos que permaneceram em Jerusalém e receberam o Espírito Santo no dia de Pentecostes. Nos capítulos de 3 a 7 o autor narra os acontecimentos em Jerusalém e o testemunho apostólico naquele lugar. Em seguida, nos capítulos de 8 a 11 Lucas narra os testemunhos dos apóstolos na Judeia e em Samaria. E a partir do capítulo 13 até o final do livro é narrado os acontecimentos que levaram a expansão do Reino até os confins da terra, como as viagens missionária de Paulo e como o evangelho fora recebido por onde o apóstolo o pregasse.

O texto anteriormente citado de Atos 8:1 traz o último relato de Lucas dos acontecimentos do testemunho dos apóstolos em Jerusalém, concluindo-se com o martírio de Estevão, ou seja, a morte em que Saulo consentia citada no texto. Logo após a morte de Estevão teve início uma grande perseguição contra a igreja de Cristo, orquestrada principalmente por Saulo. E, em virtude disso, os cristãos, exceto os apóstolos, foram expulsos de Jerusalém e se refugiaram nas regiões da Judeia e Samaria. Todavia, este infortúnio contribuiu para o cumprimento das palavras de Cristo citadas por Lucas em Atos 1:8, começando assim o testemunho apostólico na Judeia e Samaria.

Após esta breve introdução, pode-se iniciar o tema em questão: existe de fato liberdade religiosa no Brasil?

A liberdade religiosa, segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos é um dos direitos fundamentais da humanidade. No Brasil isto é assegurado por lei no artigo 5º, inciso VI, da Constituição que diz:

 "É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias".

Respondendo à pergunta inicial: no Brasil existe sim liberdade religiosa. Entretanto, nos últimos tempos é possível notar que alguns dos princípios fundamentais da fé cristã vem sendo alvo de ataques no país. O princípio da família tradicional, por exemplo, vem recebendo críticas e ataques por parte da mídia (televisão, rádio, internet), de movimentos LGBTs, de partidos políticos e de pessoas influentes na sociedade.

As Escrituras são claras ao afirmar que o Pai criou macho e fêmea (Gn 1.27; Mc 10.6-8; ICo 11.12) e que o casamento deve ser o homem deixando a casa de seus pais e unir-se à sua mulher para ambos sejam uma só carne. O que passar disso, é contrário à Escrituras (Lv 20.13; Rm 1.26,27). Todavia iniciou-se nos últimos tempos uma tentativa de deturpar estes princípios por meio da divulgação de todo tipo de material contrário e aqueles que se manifestam em favor dos princípios bíblicos são taxados de preconceituosos, homofóbicos e intolerantes.

Uma outra ideia muito disseminada atualmente, que já virou senso comum, é que todo pastor de igreja evangélica é ladrão e que todo líder cristão só busca o enriquecimento às custas dos fiéis. Infelizmente alguns falsos mestres já estão entre nós, como prescrito por Cristo (Mt 24.5; Lc 21.8), que vem em nome dEle até mesmo operando grande sinais, porém seus corações não estão nEle. Entretanto a sociedade já toma como verdade que todo pastor é vigarista e que só busca enriquecer com os dízimos e ofertas. Com isso, um cristão que se apresenta na sociedade como evangélico já é visto como “o bobo” que está contribuindo para o enriquecimento de seus líderes.

Com o crescimento do televangelismo brasileiro nas últimas décadas, a fé evangélica se colocou em evidência com os pastores que prometem curas milagrosas e prosperidade financeira. Com isso, o evangélico na sociedade foi sendo moldado com essa imagem. Entretanto, por não conhecerem a fé evangélica de fato, todo cristão evangélico hoje é taxado da mesma forma. Com isso, a fé cristã, os evangélicos neste caso, são perseguidos nas redes sociais, nas faculdades e outras instituições sociais e taxados como contribuintes daqueles que “vendem a fé”.

Em contrapartida, as religiões ditas “das minorias”, como as de origem africana e árabe por exemplo, são supervalorizadas, enquanto as de origem cristãs são atacadas. Na mídia brasileira recentemente foi ao ar uma notícia onde um traficante de drogas usando o nome de Cristo destruiu um terreiro de umbanda. Com essa notícia foi veiculado que os cristãos são intolerantes e que não respeitam as outras religiões. De fato, alguns cristãos realmente não sabem respeitar as pessoas por trás dessas religiões. Mas, neste caso exemplificado, a mídia inteira se comoveu ao dizer que as religiões africanas sofrem perseguição, mas não se comovem com casos onde os cristãos e seus princípios sofrerem perseguições diariamente, demonstrando claramente que a mídia não é imparcial nestes casos.  

No Brasil pode existir liberdade religiosa. Graças à Deus podemos nos reunir em nossas comunidades de fé, podemos andar pelas ruas com nossos exemplares da Bíblia Sagrada e podemos cultuar livremente em todo território nacional. Entretanto, esta perseguição aos princípios cristão e bíblicos pode ser o início para uma repressão à nossa fé. Parlamentares já propuseram que fosse retirados  da Bíblia Sagrada os textos, segundo eles, considerados homofóbicos. Também já propuseram a distribuição de cartilhas para crianças que ensinam práticas hetero e homossexuais. Com isso se vê que a repressão está aumentando e que a perseguição aos princípios bíblicos pode culminar em uma perseguição aos cristãos em si.

Meus irmãos, nos resta clamar à Deus para que nossa fé prevaleça. Mesmo que haja perseguição, mesmo que nossa fé seja taxada de homofóbica ou preconceituosa, mesmo que a mídia esteja contra a Bíblia, nos cabe prevalecer na fé e nos atermos às Escrituras somente.

Como cristãos devemos respeitar todo aquele que professa uma fé diferente da fé cristã. Mas não podemos nos render e deixar que nos imponham suas ideologias contrárias às Escrituras. Não podemos deixar que nossos filhos sejam expostos à praticas que desrespeitem aos ensinamentos Divinos. Nem nos calarmos diante de tal perseguição, mesmo sendo injustamente taxados de preconceituosos ou intolerantes.

No texto de Atos 8 - convido-lhe a ler todo o capítulo – se vê que em meio a perseguição surgiu a oportunidade de pregação. Logo após ser expulso de Jerusalém, Felipe iniciou a pregação do evangelho em Samaria e muitos se converteram. Por isso, se a perseguição persistir, se aumentar ou cessar, o dever do cristão é continuar pregando e anunciando a Cristo. Independentemente de qualquer circunstância, cabe ao servo de Cristo pregar e anunciar o que as Escrituras nos ensinam. Cristo em João 16.36 diz que no mundo haveriam aflições, mas Ele nos estimula a ter bom ânimo, porque Ele mesmo já venceu o mundo. No sermão da montanha, descrito por Mateus no capítulo 5, nos versículos 10 e 11 Cristo diz:

“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.

No texto grego original, “bem-aventurado” foi traduzido de “makarios” (μακαριος), que, segundo o dicionário de James Strong, significa: “feliz”. Cristo disse que seremos felizes mesmo em meio as perseguições por causa do Seu nome e por causa da justiça. Mesmo em meio as perseguições cotidianas, ao término de tudo, teremos um final feliz. Na segunda carta de Paulo as Coríntios, capítulo 4, versículo 9 o apóstolo diz que podemos ser perseguidos, mas nunca seremos desamparados. Aquele que nos enviou nos mantém amparados em meio à todas as perseguições.

Deus abençoe!



C. H. Oliveira