Eu gostaria de iniciar com um texto
bíblico de um tempo onde a igreja de Cristo passou à ser perseguida no império
romano. O primeiro versículo do capítulo 8 do livro de Atos dos Apóstolos diz o
seguinte:
“E Saulo consentia na sua morte. Naquele
dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos,
exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e Samaria.”
Antes de
iniciar no tema em questão, se faz necessário contextualizar este versículo
anteriormente citado. O livro de Atos dos Apóstolos foi escrito por Lucas, o
mesmo autor do evangelho que leva seu nome. Diferente de Mateus e João, que
foram testemunhas oculares dos feitos de Cristo, Lucas fez um excelente
trabalho de historiador e pesquisou sobre a vida do Messias na terra para
manter seu trabalho fiel aos acontecimentos e rico em detalhes.
O livro
de Atos dos Apóstolos é uma continuação do primeiro livro de Lucas: o evangelho
por ele escrito. Lucas inicia seu segundo livro canônico com relatos dos fatos
posteriores aos acontecimentos finais do seu evangelho. No evangelho Segundo
Lucas, o autor narra os acontecimentos da vida do Messias, do Seu nascimento à
Sua ascensão, e o livro de Atos dos Apóstolos inicia logo após a ascensão de
Cristo nos ares e a continuação do crescimento do Reino de Cristo na terra
orquestrado pelos Apóstolos.
O
versículo 8 do primeiro capítulo do livro de Atos nos traz um resumo de todo o
livro. O texto diz o seguinte:
“mas recebereis poder, ao descer sobre
vós o Espírito Santo , e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em
toda Judeia e Samaria e até aos confins da terra”
Cristo
assim falou à Seus discípulos e logo em seguida ascendeu ao Céus. Com isso,
Jesus predisse à Seus apóstolos como se daria o crescimento do Seu Reino na
terra. E de fato foi assim, nos capítulos 1 e 2 do livro de Atos, Lucas narra o
testemunho dos apóstolos que permaneceram em Jerusalém e receberam o Espírito
Santo no dia de Pentecostes. Nos capítulos de 3 a 7 o autor narra os
acontecimentos em Jerusalém e o testemunho apostólico naquele lugar. Em
seguida, nos capítulos de 8 a 11 Lucas narra os testemunhos dos apóstolos na
Judeia e em Samaria. E a partir do capítulo 13 até o final do livro é narrado
os acontecimentos que levaram a expansão do Reino até os confins da terra, como
as viagens missionária de Paulo e como o evangelho fora recebido por onde o
apóstolo o pregasse.
O texto
anteriormente citado de Atos 8:1 traz o último relato de Lucas dos acontecimentos
do testemunho dos apóstolos em Jerusalém, concluindo-se com o martírio de
Estevão, ou seja, a morte em que Saulo consentia citada no texto. Logo após a
morte de Estevão teve início uma grande perseguição contra a igreja de Cristo,
orquestrada principalmente por Saulo. E, em virtude disso, os cristãos, exceto
os apóstolos, foram expulsos de Jerusalém e se refugiaram nas regiões da Judeia
e Samaria. Todavia, este infortúnio contribuiu para o cumprimento das palavras
de Cristo citadas por Lucas em Atos 1:8, começando assim o testemunho
apostólico na Judeia e Samaria.
Após esta
breve introdução, pode-se iniciar o tema em questão: existe de fato liberdade
religiosa no Brasil?
A
liberdade religiosa, segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos é um
dos direitos fundamentais da humanidade. No Brasil isto é assegurado por lei no
artigo 5º, inciso VI, da Constituição que diz:
"É inviolável a liberdade de consciência
e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas
liturgias".
Respondendo
à pergunta inicial: no Brasil existe sim liberdade religiosa. Entretanto, nos
últimos tempos é possível notar que alguns dos princípios fundamentais da fé
cristã vem sendo alvo de ataques no país. O princípio da família tradicional,
por exemplo, vem recebendo críticas e ataques por parte da mídia (televisão,
rádio, internet), de movimentos LGBTs, de partidos políticos e de pessoas
influentes na sociedade.
As
Escrituras são claras ao afirmar que o Pai criou macho e fêmea (Gn 1.27; Mc
10.6-8; ICo 11.12) e que o casamento deve ser o homem deixando a casa de seus
pais e unir-se à sua mulher para ambos sejam uma só carne. O que passar disso,
é contrário à Escrituras (Lv 20.13; Rm 1.26,27). Todavia iniciou-se nos últimos
tempos uma tentativa de deturpar estes princípios por meio da divulgação de
todo tipo de material contrário e aqueles que se manifestam em favor dos
princípios bíblicos são taxados de preconceituosos, homofóbicos e intolerantes.
Uma outra
ideia muito disseminada atualmente, que já virou senso comum, é que todo pastor
de igreja evangélica é ladrão e que todo líder cristão só busca o enriquecimento
às custas dos fiéis. Infelizmente alguns falsos mestres já estão entre nós,
como prescrito por Cristo (Mt 24.5; Lc 21.8), que vem em nome dEle até mesmo
operando grande sinais, porém seus corações não estão nEle. Entretanto a
sociedade já toma como verdade que todo pastor é vigarista e que só busca
enriquecer com os dízimos e ofertas. Com isso, um cristão que se apresenta na
sociedade como evangélico já é visto como “o bobo” que está contribuindo para o
enriquecimento de seus líderes.
Com o
crescimento do televangelismo brasileiro nas últimas décadas, a fé evangélica
se colocou em evidência com os pastores que prometem curas milagrosas e prosperidade
financeira. Com isso, o evangélico na sociedade foi sendo moldado com essa
imagem. Entretanto, por não conhecerem a fé evangélica de fato, todo cristão
evangélico hoje é taxado da mesma forma. Com isso, a fé cristã, os evangélicos
neste caso, são perseguidos nas redes sociais, nas faculdades e outras
instituições sociais e taxados como contribuintes daqueles que “vendem a fé”.
Em
contrapartida, as religiões ditas “das minorias”, como as de origem africana e
árabe por exemplo, são supervalorizadas, enquanto as de origem cristãs são
atacadas. Na mídia brasileira recentemente foi ao ar uma notícia onde um
traficante de drogas usando o nome de Cristo destruiu um terreiro de umbanda. Com
essa notícia foi veiculado que os cristãos são intolerantes e que não respeitam
as outras religiões. De fato, alguns cristãos realmente não sabem respeitar as
pessoas por trás dessas religiões. Mas, neste caso exemplificado, a mídia
inteira se comoveu ao dizer que as religiões africanas sofrem perseguição, mas
não se comovem com casos onde os cristãos e seus princípios sofrerem
perseguições diariamente, demonstrando claramente que a mídia não é imparcial
nestes casos.
No Brasil
pode existir liberdade religiosa. Graças à Deus podemos nos reunir em nossas
comunidades de fé, podemos andar pelas ruas com nossos exemplares da Bíblia
Sagrada e podemos cultuar livremente em todo território nacional. Entretanto,
esta perseguição aos princípios cristão e bíblicos pode ser o início para uma
repressão à nossa fé. Parlamentares já propuseram que fosse retirados da Bíblia Sagrada os textos, segundo eles,
considerados homofóbicos. Também já propuseram a distribuição de cartilhas para
crianças que ensinam práticas hetero e homossexuais. Com isso se vê que a
repressão está aumentando e que a perseguição aos princípios bíblicos pode culminar
em uma perseguição aos cristãos em si.
Meus
irmãos, nos resta clamar à Deus para que nossa fé prevaleça. Mesmo que haja perseguição,
mesmo que nossa fé seja taxada de homofóbica ou preconceituosa, mesmo que a
mídia esteja contra a Bíblia, nos cabe prevalecer na fé e nos atermos às
Escrituras somente.
Como cristãos
devemos respeitar todo aquele que professa uma fé diferente da fé cristã. Mas
não podemos nos render e deixar que nos imponham suas ideologias contrárias às
Escrituras. Não podemos deixar que nossos filhos sejam expostos à praticas que
desrespeitem aos ensinamentos Divinos. Nem nos calarmos diante de tal
perseguição, mesmo sendo injustamente taxados de preconceituosos ou
intolerantes.
No texto
de Atos 8 - convido-lhe a ler todo o capítulo – se vê que em meio a perseguição
surgiu a oportunidade de pregação. Logo após ser expulso de Jerusalém, Felipe
iniciou a pregação do evangelho em Samaria e muitos se converteram. Por isso,
se a perseguição persistir, se aumentar ou cessar, o dever do cristão é
continuar pregando e anunciando a Cristo. Independentemente de qualquer circunstância,
cabe ao servo de Cristo pregar e anunciar o que as Escrituras nos ensinam. Cristo
em João 16.36 diz que no mundo haveriam aflições, mas Ele nos estimula a ter
bom ânimo, porque Ele mesmo já venceu o mundo. No sermão da montanha, descrito
por Mateus no capítulo 5, nos versículos 10 e 11 Cristo diz:
“Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.”
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.”
No texto
grego original, “bem-aventurado” foi traduzido de “makarios” (μακαριος),
que, segundo o dicionário de James Strong, significa: “feliz”. Cristo disse que
seremos felizes mesmo em meio as perseguições por causa do Seu nome e por causa
da justiça. Mesmo em meio as perseguições cotidianas, ao término de tudo,
teremos um final feliz. Na segunda carta de Paulo as Coríntios, capítulo 4,
versículo 9 o apóstolo diz que podemos ser perseguidos, mas nunca seremos
desamparados. Aquele que nos enviou nos mantém amparados em meio à todas as
perseguições.
Deus
abençoe!
C. H.
Oliveira