sábado, 14 de janeiro de 2017

Lidando com o Sofrimento - Exposição à 1 Pedro 1

1 Pedro 1:11 “investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam”.


Se há uma palavra que podemos destacar na primeira carta do apóstolo Pedro, essa palavra seria sofrimento. “Sofrimento” aparece, pelo menos 4 vezes nesta primeira carta de Pedro. O sofrimento humano é decorrente da sua própria natureza decaída; após a queda de Adão, toda humanidade está exposta ao sofrimento. Diferente do que algumas denominações religiosas pregam por aí, o cristão também pode sofrer, não sendo o motivo deste sofrimento a falta de fé ou falta de comunhão com Deus. O cristão passa pelas mesmas dificuldades que o não-crente pode passar, como uma doença ou um eventual desemprego. Quando há uma epidemia de uma certa doença, tanto crentes como não crentes são afetados, quando há uma crise financeira, como a que estamos vivendo nesses últimos dias, tanto o crente como o não crente é afetado, como, quando uma empresa fecha as portas, tanto o crente como o não crente ficam desempregados. Por fim, o sofrimento afeta toda a humanidade decaída.
Para entendermos o motivo de o apostolo Pedro ter escrito esta carta, vamos nos situar do contexto em que ela foi escrita.
Logo no versículo 1 do primeiro capítulo, Pedro se apresenta como o autor da carta e já nos fala a quem a carta estava sendo endereçada, assim diz o texto: 1 Pedro 1:1
“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros na Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia”.
Pedro escreveu essa carta, provavelmente, entre os anos 62 e 64. Onde o imperador Nero iniciou uma grande perseguição àqueles que seguiam a Cristo. Ele ordenou que fossem eliminados do império todos aqueles que não se curvassem diante de César. E assim, os cristãos foram expulsos de Jerusalém e estavam dispersos em Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. Por isso Pedro os chamam de forasteiros.
A palavra “dispersão” na Bíblia é usado em duas ocasiões: quando em relação aos israelitas em nação estrangeira, como foi no caso do exílio Babilônico e Assírio, e; no caso de cristãos espalhados entre os gentios, como é o caso dos cristãos a qual foi endereçada esta carta de Pedro.
No versículo 2, Pedro, logo em sua saudação, já inicia com palavras de ânimo: 1 Pedro 1:2
Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas”.
No “Textus Receptus”, de 1550, a palavra “eklektos”, que significa “eleitos”, não aparece no segundo versículo, somente no primeiro, porém os tradutores entenderam que, onde diz: “segundo a presciência de Deus Pai”, Pedro estava se referido à eleição daqueles homens à salvação. Porém, como se trata de uma carta de consolo, pode ser, que o Apóstolo estava se referindo àquilo que ele cita antes deste termo, ou seja, o fato de eles serem forasteiros na Dispersão. Consolando-os afirmando que tudo aquilo que estava acontecendo estava sob o controle de Deus. Pois estavam sendo perseguidos por seguirem à Jesus, conforme, em Lucas 21:12, Ele mesmo disse que aconteceria:
Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa  do meu nome”.
Com isso, entendemos o motivo do sofrimento daqueles ao qual a carta foi endereçada. Agora, tentaremos, na exposição das Escrituras, aprender com aquilo que Pedro escreveu àqueles irmãos sobre como lidar com o sofrimento.
Pedro, após sua saudação, inicia consolando aqueles irmãos que estavam entristecidos por causa da perseguição, os aconselhando à olharem para Deus, e por tudo o que Ele havia feito através de Seu Filho Jesus, ou seja, Cristo, por Seu sacrifício, nos regenerou e, pela misericórdia divina, nos deu viva esperança, por, assim, alcançarmos a salvação. Pedro os aconselha a estarem com os olhos voltados para essa esperança, mesmo estando sofrendo ante a perseguição. O apóstolo Pedro vai completar o seu argumento nos versículos de 6 a 9:
”Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações,
​para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;
​a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,
obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.

Pedro tenta mostrar para eles que aquele sofrimento que estavam passando era passageiro; por mais que pareça que nunca vai terminar, o sofrimento humano é passageiro. Como se diz: “qual é a pior dor que existe? É a dor que se está sentindo no momento”, quando estamos com dor de dente parece que ela é a pior dor que existe, quando estamos com o dente doendo, nem nos lembramos que existe dor de cabeça, dor de ouvido, dor de estômago... só da bendita dor de dente. Porém, esta dor é passageira, e, quando vamos ao dentista e tratamos a causa raiz da dor de dente, a dor acaba e nem parece que era tão ruim assim. Da mesma forma o sofrimento humano um dia acaba, mesmo que possa durar até o final da vida, se o indivíduo estiver focado em sua salvação, seu pequeno sofrimento não irá parecer nada, se comparado com a glória de se estar diante do Pai.
De igual forma, o sofrimento pode se dar como provação para a nossa fé. Para que permaneçamos firmes e confiantes em Jesus Cristo, pois, a nossa fé, assim como o ouro que, ao passar pelo fogo, não se consome, se permanecermos com a fé intacta ao passarmos pela provação, nossa fé se resultará em honra e glória para Cristo. Assim, permanecendo confiantes em Jesus Cristo ante a provação, O estaremos adorando. Tendo em mente, como diz no versículo 9, aquilo que é a finalidade da nossa fé: a salvação de nossas almas.
Nos versículos de 10 a 12, Pedro reforça a certeza da salvação baseado naquilo que os profetas escreveram a respeito de Cristo, pois, os profetas profetizaram sobre o sofrimento de Jesus e sobre o que este sofrimento resultaria em nossas vidas. Aqui Pedro os dá duas excelentes lições:
1ª Cristo também sofreu, e sofreu em favor de nós; e
2ª Ante ao sofrimento, mantermo-nos focados nas Escrituras.
Cristo aqui veio em forma de homem e por nós se deu em morte de cruz, assim, nosso sofrimento pode ser tolerado se tivermos em mente o quanto Jesus Cristo sofreu por nós, que, nem sequer merecíamos.
E, na hora da angustia, podemos encontrar consolo nas Escrituras, pois, onde mais encontraremos o relato descrito por testemunhas oculares de todo o sofrimento de Jesus Cristo e o real motivo deste?

Nos versículos seguintes, Pedro os exorta a se manterem preparados para o momento em que Cristo há de ser revelado, se mantendo alertas e buscando serem santos. Provavelmente Pedro diz isso para não desanimarem e, assim, serem influenciados pelas pessoas não cristãs que viviam onde eles estavam habitando.
Um momento de sofrimento pode nos tornar vulneráveis a esse tipo de coisa. Em um momento de dor e sofrimento, pode apareceu “um amigo”, que não é amigo nada, querendo nos desanimar da nossa fé: “Você está servido a Jesus e continua sofrendo”, “Por que Jesus não te tira dessa situação?!”, “Por que você ora se Deus não te escuta e te tira dessa situação?!”. Mas não se pode dar ouvidos a esse tipo de pessoa, pois devemos estar sempre preparados, pois Cristo pode vir a qualquer momento, e, quando Ele vier, toda dor e todo sofrimento acabarão!

No versículo 22, Pedro os exorta à amarem uns aos outros, como em amor fraterno, para, assim, passarem pela provação juntos, um ajudando o outro. Assim, quando sofremos, podemos pedir ajuda aos verdadeiros amigos, não como os que falamos anteriormente. Porque, com ajuda, podemos passar por uma situação difícil mais fácil. Não se precisa passar pelo sofrimento sozinho. Se estiver sofrendo ou passando por qualquer dificuldade, procure os verdadeiros amigos, pois, se realmente forem verdadeiros, eles vão te ajudar.
O capítulo 1 termina com Pedro citando um texto de Isaías 40, versículos de 6 a 8:
Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor;
​a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente.
Os aconselhando à evitarem cobiças temporais, pois tudo o que é terreno passará, reforçando assim, o conselho de se manterem focados em Jesus Cristo e na salvação se suas almas.

Então, ante ao sofrimento: não podemos nos esquecer do sofrimento de Jesus, que nos garante a nossa salvação, pois, este sofrimento é passageiro, e pode estar testando a nossa fé. Se mantivermos a nossa fé intacta ante ao sofrimento estaremos adorando a Deus.

Devemos estar sempre focados na Palavra de Deus, não nos deixando ser influenciados por não crentes que não querem nosso bem, devemos buscando a santificação, tendo certeza que, no dia em que Cristo retornar toda dor e sofrimento acabarão, logo, todo sofrimento é passageiro, chegando ao seu fim aqui ou na vida vindoura. 

Deus abençoe!

C. H. Oliveira