1 Pedro
1:11 “investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias
oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de
antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias
que os seguiriam”.
Se há uma
palavra que podemos destacar na primeira carta do apóstolo Pedro, essa palavra
seria sofrimento. “Sofrimento” aparece, pelo menos 4 vezes nesta primeira carta
de Pedro. O sofrimento humano é decorrente da sua própria natureza decaída; após
a queda de Adão, toda humanidade está exposta ao sofrimento. Diferente do que
algumas denominações religiosas pregam por aí, o cristão também pode sofrer,
não sendo o motivo deste sofrimento a falta de fé ou falta de comunhão com
Deus. O cristão passa pelas mesmas dificuldades que o não-crente pode passar,
como uma doença ou um eventual desemprego. Quando há uma epidemia de uma certa
doença, tanto crentes como não crentes são afetados, quando há uma crise
financeira, como a que estamos vivendo nesses últimos dias, tanto o crente como
o não crente é afetado, como, quando uma empresa fecha as portas, tanto o
crente como o não crente ficam desempregados. Por fim, o sofrimento afeta toda
a humanidade decaída.
Para entendermos
o motivo de o apostolo Pedro ter escrito esta carta, vamos nos situar do
contexto em que ela foi escrita.
Logo no
versículo 1 do primeiro capítulo, Pedro se apresenta como o autor da carta e já
nos fala a quem a carta estava sendo endereçada, assim diz o texto: 1 Pedro 1:1
“Pedro,
apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros na Dispersão no
Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia”.
Pedro
escreveu essa carta, provavelmente, entre os anos 62 e 64. Onde o imperador
Nero iniciou uma grande perseguição àqueles que seguiam a Cristo. Ele ordenou
que fossem eliminados do império todos aqueles que não se curvassem diante de
César. E assim, os cristãos foram expulsos de Jerusalém e estavam dispersos em
Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. Por isso Pedro os chamam de
forasteiros.
A palavra
“dispersão” na Bíblia é usado em duas ocasiões: quando em relação aos
israelitas em nação estrangeira, como foi no caso do exílio Babilônico e
Assírio, e; no caso de cristãos espalhados entre os gentios, como é o caso dos
cristãos a qual foi endereçada esta carta de Pedro.
No versículo
2, Pedro, logo em sua saudação, já inicia com palavras de ânimo: 1 Pedro 1:2
“Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus
Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas”.
No “Textus Receptus”, de 1550, a palavra “eklektos”,
que significa “eleitos”, não aparece no segundo versículo, somente no primeiro,
porém os tradutores entenderam que, onde diz: “segundo a presciência de Deus
Pai”, Pedro estava se referido à eleição daqueles homens à salvação. Porém,
como se trata de uma carta de consolo, pode ser, que o Apóstolo estava se
referindo àquilo que ele cita antes deste termo, ou seja, o fato de eles serem
forasteiros na Dispersão. Consolando-os afirmando que tudo aquilo que estava
acontecendo estava sob o controle de Deus. Pois estavam sendo perseguidos por
seguirem à Jesus, conforme, em Lucas 21:12, Ele mesmo disse que aconteceria:
“Antes, porém, de
todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão,
entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por
causa do meu nome”.
Com isso,
entendemos o motivo do sofrimento daqueles ao qual a carta foi endereçada.
Agora, tentaremos, na exposição das Escrituras, aprender com aquilo que Pedro
escreveu àqueles irmãos sobre como lidar com o sofrimento.
Pedro, após
sua saudação, inicia consolando aqueles irmãos que estavam entristecidos por
causa da perseguição, os aconselhando à olharem para Deus, e por tudo o que Ele
havia feito através de Seu Filho Jesus, ou seja, Cristo, por Seu sacrifício,
nos regenerou e, pela misericórdia divina, nos deu viva esperança, por, assim,
alcançarmos a salvação. Pedro os aconselha a estarem com os olhos voltados para
essa esperança, mesmo estando sofrendo ante a perseguição. O apóstolo Pedro vai
completar o seu argumento nos versículos de 6 a 9:
”Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se
necessário, sejais contristados por várias provações,
para
que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro
perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na
revelação de Jesus Cristo;
a quem,
não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com
alegria indizível e cheia de glória,
obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa
alma.”
Pedro tenta
mostrar para eles que aquele sofrimento que estavam passando era passageiro; por
mais que pareça que nunca vai terminar, o sofrimento humano é passageiro. Como
se diz: “qual é a pior dor que existe? É a dor que se está sentindo no
momento”, quando estamos com dor de dente parece que ela é a pior dor que
existe, quando estamos com o dente doendo, nem nos lembramos que existe dor de
cabeça, dor de ouvido, dor de estômago... só da bendita dor de dente. Porém,
esta dor é passageira, e, quando vamos ao dentista e tratamos a causa raiz da dor
de dente, a dor acaba e nem parece que era tão ruim assim. Da mesma forma o
sofrimento humano um dia acaba, mesmo que possa durar até o final da vida, se o
indivíduo estiver focado em sua salvação, seu pequeno sofrimento não irá
parecer nada, se comparado com a glória de se estar diante do Pai.
De igual
forma, o sofrimento pode se dar como provação para a nossa fé. Para que
permaneçamos firmes e confiantes em Jesus Cristo, pois, a nossa fé, assim como
o ouro que, ao passar pelo fogo, não se consome, se permanecermos com a fé
intacta ao passarmos pela provação, nossa fé se resultará em honra e glória
para Cristo. Assim, permanecendo confiantes em Jesus Cristo ante a provação, O
estaremos adorando. Tendo em mente, como diz no versículo 9, aquilo que é a finalidade
da nossa fé: a salvação de nossas almas.
Nos
versículos de 10 a 12, Pedro reforça a certeza da salvação baseado naquilo que
os profetas escreveram a respeito de Cristo, pois, os profetas profetizaram
sobre o sofrimento de Jesus e sobre o que este sofrimento resultaria em nossas
vidas. Aqui Pedro os dá duas excelentes lições:
1ª Cristo
também sofreu, e sofreu em favor de nós; e
2ª Ante ao
sofrimento, mantermo-nos focados nas Escrituras.
Cristo aqui
veio em forma de homem e por nós se deu em morte de cruz, assim, nosso
sofrimento pode ser tolerado se tivermos em mente o quanto Jesus Cristo sofreu
por nós, que, nem sequer merecíamos.
E, na hora
da angustia, podemos encontrar consolo nas Escrituras, pois, onde mais
encontraremos o relato descrito por testemunhas oculares de todo o sofrimento
de Jesus Cristo e o real motivo deste?
Nos
versículos seguintes, Pedro os exorta a se manterem preparados para o momento
em que Cristo há de ser revelado, se mantendo alertas e buscando serem santos.
Provavelmente Pedro diz isso para não desanimarem e, assim, serem influenciados
pelas pessoas não cristãs que viviam onde eles estavam habitando.
Um momento
de sofrimento pode nos tornar vulneráveis a esse tipo de coisa. Em um momento
de dor e sofrimento, pode apareceu “um amigo”, que não é amigo nada, querendo
nos desanimar da nossa fé: “Você está servido a Jesus e continua sofrendo”,
“Por que Jesus não te tira dessa situação?!”, “Por que você ora se Deus não te
escuta e te tira dessa situação?!”. Mas não se pode dar ouvidos a esse tipo de
pessoa, pois devemos estar sempre preparados, pois Cristo pode vir a qualquer
momento, e, quando Ele vier, toda dor e todo sofrimento acabarão!
No versículo
22, Pedro os exorta à amarem uns aos outros, como em amor fraterno, para, assim,
passarem pela provação juntos, um ajudando o outro. Assim, quando sofremos,
podemos pedir ajuda aos verdadeiros amigos, não como os que falamos
anteriormente. Porque, com ajuda, podemos passar por uma situação difícil mais
fácil. Não se precisa passar pelo sofrimento sozinho. Se estiver sofrendo ou
passando por qualquer dificuldade, procure os verdadeiros amigos, pois, se
realmente forem verdadeiros, eles vão te ajudar.
O capítulo 1
termina com Pedro citando um texto de Isaías 40, versículos de 6 a 8:
”Pois toda carne é como a erva, e
toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor;
a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente.”
Os
aconselhando à evitarem cobiças temporais, pois tudo o que é terreno passará,
reforçando assim, o conselho de se manterem focados em Jesus Cristo e na
salvação se suas almas.
Então, ante
ao sofrimento: não podemos nos esquecer do sofrimento de Jesus, que nos garante
a nossa salvação, pois, este sofrimento é passageiro, e pode estar testando a
nossa fé. Se mantivermos a nossa fé intacta ante ao sofrimento estaremos
adorando a Deus.
Devemos
estar sempre focados na Palavra de Deus, não nos deixando ser influenciados por
não crentes que não querem nosso bem, devemos buscando a santificação, tendo
certeza que, no dia em que Cristo retornar toda dor e sofrimento acabarão,
logo, todo sofrimento é passageiro, chegando ao seu fim aqui ou na vida
vindoura.
Deus abençoe!
C. H. Oliveira
Deus abençoe!
C. H. Oliveira